Como identificar Asma e Bronquite? A diferença e tratamentos alternativos

Como identificar Asma e Bronquite? A diferença e tratamentos alternativos

Postado por Dr. Pedro Alvarenga

Asma e bronquite são doenças frequentemente confundidas, porém são dois distúrbios respiratórios distintos. A confusão acontece pois os sintomas são semelhantes, como o de tosse e falta de ar.

Muitas pessoas denominam a asma como “bronquite asmática”, um termo pouco preciso, já que esse é um processo infeccioso. Ao mesmo tempo, a asma é frequentemente desencadeada por uma reação alérgica, como veremos a seguir. 

Continue a leitura para entender essa diferença entre ambas as patologias e como tratar cada uma delas.

Qual a diferença entre asma e bronquite?

Primeiramente, a asma é uma doença crônica, ou seja, possui duração prolongada. Porém, se ela não for tratada corretamente, pode oferecer risco de vida ao paciente. Com medicação e alguns cuidados paliativos, o portador consegue levar a vida normalmente.

Na definição da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI): “Asma é uma obstrução brônquica, geralmente ocasionada por um processo alérgico, que leva à inflamação dos brônquios, provocando falta de ar, sibilância, tosse, dor no peito e opressão torácica.”

Asma Alérgica

A asma alérgica é o tipo mais comum, causada pela exposição a algumas substâncias que, quando são assimiladas pelo corpo humano, desencadeiam as crises. São elas:

  • Poeira, ácaro e mofo;
  • Pólen;
  • Fezes de barata;
  • Pêlos de animais;
  • Fumaças, poluição e cheiro fortes;
  • Mudanças de tempo;
  • Esforço físico;
  • Causas emocionais e hormonais;
  • E até alguns medicamentos, alimentos, como a aspirina.

A inflamação começa pelos brônquios, uma estrutura em forma de tubo, que leva o ar da traqueia até os pulmões. A musculatura desse órgão se contrai e a produção de muco aumenta, o que dificulta a passagem do ar.

Acredita-se que anti-inflamatórios não esteroides, como o ácido acetilsalicílico (aspirina), ou ibuprofeno, reduzem a produção de substâncias inflamatórias no corpo, como prostaglandinas e tromboxanos.

Dessa forma, o organismo a aumenta a produção de substâncias pró-inflamatórias chamadas leucotrienos, o que pode causar as crises.

Asma Intrínseca

Existem também alguns tipos de asmas não alérgicas, como a asma intrínseca (ou asma não-atópica). É o tipo menos comum. Geralmente se desenvolve na idade adulta, sendo mais comum em mulheres, podendo ter sintomas mais graves.

Esse tipo de asma geralmente é causada por fatores emocionais, ansiedade, estresse, calor ou frio excessivos, infecções respiratórias, tabaco ou atividades físicas.

Asma Eosinofílica

A asma eosinofílica é um outro tipo de asma, mais grave, causada por um aumento da quantidade de glóbulos brancos, chamados eosinófilos, que fazem parte do sistema de defesa do organismo.

O aumento dessas células pode causar a reação inflamatória e inchaço das vias aéreas, levando ao surgimento dos sintomas.

Esse processo inflamatório é o mesmo para os casos de bronquite, em ambas as suas classificações: bronquite aguda e a crônica. 

Bronquite crônica

A bronquite crônica também tem sintomas que perduram por mais tempo, porém hoje, após revisões médicas dos termos, ela se refere ao quadro desenvolvido por pacientes após anos de exposição a agentes inalatórios danosos, principalmente o cigarro.

Entre as consequências, está a deterioração das vias aéreas depois de serem expostas a substâncias prejudiciais e fumaças tóxicas.

Essa exposição machuca as paredes dos bronquíolos, que tentam se curar, mas acabam ficando espessas por causa das cicatrizes. Já a bronquite aguda é uma inflamação causada por vírus ou bactérias.

Depois de ficar gripado, por exemplo, o paciente vê uma complicação em sua condição clínica, apresentando tosse persistente com muco, ao contrário da tosse asmática que é seca. Aqui, a tosse também tende a vir acompanhada de mal estar geral.

Desenho de pulmão com detalhamento do lado direito, comparando um brônquio saudável e um com excesso de muco. Imagem ilustrativa texto Asma e Bronquite
Comparação entre um brônquio normal e um brônquio congestionado por muco.

Quem tem bronquite também tem asma: verdade ou mito

Como vimos anteriormente, asma e bronquite são duas doenças diferentes, então podemos dizer que essa é uma afirmação falsa.

Porém, o que pode acontecer é uma pessoa com asma alérgica, ao ser exposta a um vírus ou bactéria, adquirir inflamação nos seus brônquios, piorando a situação.

Além disso, um asmático pode desenvolver bronquite crônica caso sofra exposição prolongada ao tabaco, queima orgânica, ou gases tóxicos, comumente relacionados a alguns trabalhos na indústria.

Isso acontece, pois os brônquios têm a importante função de conduzir o ar até os alvéolos, além de aquecer o ar e aprisionar poeiras e agentes tóxicos.

Dessa forma, quando eles não estão funcionando corretamente, acabam perdendo essa função de “defesa natural”. Com isso, outras doenças e infecções pulmonares tornam-se mais frequentes, como gripes, resfriados, pneumonias ou traqueobronquites.

Assim, é fundamental o controle dessas doenças. O acompanhamento e tratamentos complementares ajudam no bem estar do paciente, para que o quadro não se desenvolva para algo mais grave.

Como saber se você tem bronquite ou asma?

Devido a urbanização das cidades e os efeitos da poluição, é comum as pessoas apresentarem rinite e sinusite, apresentando sintomas como espirros, coceira no nariz e nos olhos, dor de cabeça e indisposição.

Esses sintomas são semelhantes aos iniciais da asma e da bronquite, por isso podem acabar mascarando essas doenças. Portanto, é importante ficar alerta caso os sintomas comecem a se agravar.

Por se tratar de um processo alérgico, a asma é mais comum. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, atualmente, existem 262 milhões de pessoas com asma no mundo.

Mas, enquanto ela afeta principalmente crianças (cerca de 20% dessa população no Brasil), a bronquite está mais presente entre adultos.

Comumente, a asma se manifesta na infância, com maior ou menor intensidade e frequência, e ao longo da vida, ela pode estar presente o tempo todo, podendo ir e voltar com o passar dos anos.

Então, se você tem problemas mais frequentes na respiração, como tosse, chiado ou falta de ar, pode ser um indicativo da asma. 

Além disso, a presença da rinite alérgica e familiares com doenças alérgicas, ou até mesmo a asma, são quadros clínicos que aparecem na grande maioria dos diagnósticos. O que faz pesquisadores analisarem se há realmente ligação com fatores genéticos.

Ao longo da vida, caso a pessoa tenha tido uma crise de tosse, geralmente aliada a dor no peito e produção de muco, pode ser um indício de bronquite aguda contraída por meio de algum vírus e bactéria e isso causou uma bronquite aguda.

Mas atenção, é importante lembrar que você deve procurar sempre um médico especialista para um diagnóstico completo e assertivo. 

A importância do diagnóstico correto

Para tratar os sintomas tanto da asma quanto da bronquite e assim ter uma vida mais saudável e tranquila, é preciso ter o seu caso avaliado corretamente, para que o diagnóstico seja preciso.

No caso tosse por um longo período procure um pneumologista. O especialista irá entrevistá-lo, fazer testes preliminares e avaliar seu histórico familiar, hábitos e a duração dos sintomas.

Dessa forma, será possível identificar se as crises podem estar ocorrendo por influência de agentes externos ou não. Importante destacar que para atuais e ex-fumantes, o médico tem maiores chances de detectar uma bronquite crônica.

No decorrer da consulta, alguns exames podem ser solicitados para qualificar o diagnóstico, como raio X de tórax e espirometria. Na tomografia torácica, será possível visualizar os pulmões para verificar se existe alguma alteração.

Outro exame que pode ser pedido é a espirometria, também conhecida como o teste do sopro. Essa é uma maneira de medir a sua capacidade pulmonar, mostrando a quantidade de ar que entra e sai do pulmão.

Médica de jaleco analisando um raio x do tórax.
Exame de raio x torácico para análise da saúde dos pulmões.

Quais os tratamentos para asma e bronquite?

Tanto a asma como a bronquite crônica não têm cura, mas os sintomas podem ser amenizados. No caso da asma, o desconforto gerado pela doença pode ser aliviado com o uso de corticosteroides inalatórios, as famosas “bombinhas” e dos bronco dilatadores. 

O bronco dilatador atua justamente no relaxamento daquela musculatura que estava contraída. Além disso, é muito importante que os pacientes da asma alérgica evitem a exposição aos agentes que identificarem estar causando as crises e realizar uma boa higienização dos ambientes.

A poeira pode ser considerada o principal agente desencadeador de crises asmáticas, pois nela podem contar várias das outras substâncias alérgicas já mencionadas.

Estamos falando de ácaros, pólen, pêlos e fungos que podem vir de pele morta, fibras de carpetes e de móveis estofados, terra trazida por sapatos e demais partículas trazidas pelo vento de fora da residência.

Tratamento para bronquite

No caso da bronquite crônica, o médico poderá prescrever bronco dilatadores e até fisioterapia respiratória. Porém as vias respiratórias já afetadas não respondem tão bem aos bronco dilatadores, continuando com uma passagem restrita para o ar.

Dessa forma, o mais importante é o paciente investir na melhora da sua qualidade de vida. Sem contar que é essencial parar de fumar para barrar a progressão da doença.

No caso dos pacientes que contraírem uma bronquite aguda, geralmente são prescritos medicamentos como anti-inflamatórios e analgésicos.

Se for desencadeada por bactéria, ela será tratada com antibióticos. Só um médico especialista poderá indicar o tratamento adequado para você.

Entre os tratamentos não medicamentosos, além de evitar exposição a certas substâncias e a higienização dos ambientes, também é importante levar uma vida com hábitos saudáveis.

Segundo o Instituto de Asma da Grã-Bretanha, 75% das internações de emergência poderiam ser evitadas com atitudes como alimentação rica em antioxidantes e ômega-3 e fibra (detectados principalmente em peixes, verduras e legumes) e exercícios físicos regulares.

Os produtos à base de Cannabis estão entre as alternativas de tratamento para essas doenças. Os canabinóides presentes na Cannabis sativa são conhecidos, principalmente, por seu efeito anti-inflamatório e podem ajudar a reduzir a inflamação das vias aéreas.

Alguns estudos e revisões internacionais já publicados explicam como funcionam essas interações. Você gostou do nosso conteúdo sobre asma e bronquite?

Gostaria de saber mais sobre as opções de tratamento? Confira o nosso conteúdo sobre as vantagens do Canabidiol.

Referências

Biblioteca Virtual da Saúde. Ministério da Saúde. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/asma/>.

Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Disponível em: <https://asbai.org.br/asma-e-bronquite/>.

Francieli Vuolo, Soraia C. Abreu, Monique Michels, Débora G. Xisto, Natália G. Blanco, Jaime EC Hallak, Antonio W. Zuardi, José A. Crippa, Cardine Reis, Marina Bahl, Emílio Pizzichinni, Rosemeri Maurici, Marcia M.M. Pizzichinni, Patricia R.M. Rocco, Felipe Dal-Pizzol, Cannabidiol reduces airway inflammation and fibrosis in experimental allergic asthma, European Journal of Pharmacology. https://doi.org/10.1016/j.ejphar.2018.11.029 

Pini, A., Mannaioni, G., Pellegrini-Giampietro, D., Passani, M. B., Mastroianni, R., Bani, D., & Masini, E. (2012). The role of cannabinoids in inflammatory modulation of allergic respiratory disorders, inflammatory pain and ischemic stroke. Current drug targets, 13(7), 984–993. https://doi.org/10.2174/138945012800675786

MEDICAL NEWS TODAY. Is it bronchitis or asthma?. Disponível em: <https://www.medicalnewstoday.com/articles/322119.php>.
HEALTHLINE. Is It Asthma or Bronchitis? Learn the Signs. Disponível em: <https://www.healthline.com/health/asthma-vs-bronchitis>.