
O que é diabetes? Controle e os tratamentos disponíveis
Postado por Dr. Pedro Alvarenga
Você sabe o que é diabetes? A diabetes é uma doença crônica e metabólica, decorrente da incapacidade do pâncreas produzir o hormônio insulina, impactando diretamente na qualidade de vida do paciente.
Segundo os dados da Federação Internacional de Diabetes, o número de pessoas com diabetes alcançou 537 milhões no mundo em 2021. O Brasil é o 5º país em incidência, com cerca de 7% da população brasileira diagnosticada com a patologia, o que equivale a mais de 16 milhões de pessoas com a doença.
No artigo de hoje, vamos explicar um pouco mais sobre o que é a diabetes, os diferentes tipos da doença e controle e tratamento disponíveis. Acompanhe a leitura.
O que é diabetes?
Como mencionamos, a diabetes é uma doença metabólica. Ela acontece quando o organismo não é capaz de absorver a insulina, ou não a produz em quantidades suficientes, gerando uma alta nos níveis de glicose no sangue.
Isso acontece, pois quando ingerimos um alimento, durante o processo de digestão, a insulina fica responsável por quebrar as moléculas de glicose para transformá-las em energia e, assim, aproveitadas pelo corpo.
Quando isso não acontece, as células sofrem com a falta de energia, e o sangue fica sobrecarregado com a quantidade excessiva de glicose. Diversas complicações podem surgir por conta disso, como problemas no fígado, na pele, nos rins e no sistema cardiovascular, por exemplo.

Tipos de diabetes
A diabetes pode surgir ao longo da vida, principalmente devido a maus hábitos de alimentação, mas também pode estar presente desde o nascimento por conta de condições genéticas.
Diante disso, a patologia é classificada em quatro tipos principais: diabetes tipo 1, tipo 2, pré-diabetes e diabetes gestacional. Saiba mais:
Diabetes tipo 1
A diabetes tipo 1 afeta cerca de 5% a 10% das pessoas diagnosticadas. Geralmente, ela costuma se manifestar durante a infância e adolescência. Não à toa, também é conhecida como diabetes juvenil. Porém, isso não quer dizer que ela não pode acontecer durante qualquer fase da vida.
O tipo 1 é uma condição hereditária e autoimune em que as células pancreáticas beta, responsáveis pela produção de insulina, são atacadas pelo sistema imune do paciente. Ou seja, suas células sofrem o que chamamos de destruição autoimune.
Por conta dessa disfunção, o pâncreas produz pouca ou nenhuma insulina e o paciente se torna dependente de aplicações diárias desse hormônio ao longo da vida, com o objetivo de manter a glicose no sangue em valores normais.
Como citado, a diabetes tipo 1 pode estar relacionada à predisposição genética familiar. No entanto, um paciente com histórico familiar pode retardar, abrandar ou mesmo evitar esse quadro com alimentação adequada e a prática de exercícios físicos regularmente.
Diabetes tipo 2
O tipo 2 corresponde a cerca de 90% das pessoas diagnosticadas com a doença, segundo Ministério da Saúde.
Ela se desenvolve ao longo da vida, geralmente após os 40 anos, mas também pode acometer crianças e adolescentes, como uma consequência direta da alimentação inadequada e falta de atividade física.
De modo geral, são dois fatores principais que influenciam o diagnóstico: a resistência das células à insulina e a produção insuficiente do hormônio. O corpo tende a se tornar resistente à insulina por conta da obesidade, do consumo excessivo de carboidratos e açúcares e do sedentarismo.
Com níveis altos de glicemia no sangue constantemente, o organismo não consegue produzir insulina o suficiente para quebrá-la, e as células acabam se tornando resistentes à ação do hormônio.
Os pacientes com diabetes tipo 2 ainda podem vir a desenvolver o tipo 1, por conta dos danos no pâncreas, quando a doença não é tratada precocemente. Por isso, é essencial o acompanhamento médico para tratar, também, de outras doenças que podem se desenvolver em conjunto.
De acordo com a gravidade, a diabetes tipo 2 pode ser controlada a partir da mudança de hábitos com a realização de atividades físicas ou planejamento alimentar. Em outros casos, é necessário o uso de insulina e outros medicamentos com a finalidade de controlar a glicose.
Pré-diabetes
A pré-diabetes é uma condição intermediária que indica o potencial que os pacientes possuem de desenvolver a doença. Ou seja, quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para se enquadrar como diabético.
Este diagnóstico funciona como um sinal de alerta do corpo, que está associado à obesidade, hipertensão e alterações nos lipídeos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 50% dos pré-diabéticos irão desenvolver diabetes tipo 2.
Para comparação, a glicemia de jejum considerada normal é de até 99 miligrama por decilitro (mg/dl), e a pessoa que apresenta o valor entre 100 e 125 já se encontra na pré-diabetes.
Assim, é importante que os níveis de açúcar no sangue sejam monitorados regularmente para acompanhar e avaliar o risco de desenvolvimento de diabetes ou não.
Pré-diabético tem cura?
A pré-diabetes é a única das condições diabéticas que o paciente possui a chance de reverter ou retardar a evolução do quadro. Para isso, manter uma alimentação balanceada e adotar a prática de atividades físicas é fundamental para regular a glicemia sanguínea.
No entanto, a dieta é o passo mais difícil a ser integrado na rotina para 60% dos pacientes. De acordo com o SBD, 95% têm dificuldades com o controle de peso.
Neste cenário, o diagnóstico precoce é de suma importância. Para saber se a glicose está normal e se há risco de pré-diabetes, há diferentes exames para identificar, que devem ser feitos principalmente quando há histórico familiar.
Diabetes Gestacional

Durante a gravidez, o equilíbrio hormonal da mulher é alterado. A placenta, que passa os nutrientes da mãe para o bebê, reduz a ação da insulina e o pâncreas aumenta a produção do hormônio ao longo da gestação para compensar.
Quando esse processo não acontece, os níveis de glicose no sangue ficam elevados e a mulher desenvolve o quadro de diabetes gestacional. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, entre 3% e 25% das gestações apresentam prevalência desta enfermidade.
A partir do sexto mês de gestação, a mulher deve realizar exames para acompanhar os níveis de glicose no sangue. Principalmente quando se enquadrar em um dos fatores de risco, que são:
- Idade materna avançada;
- ovário policístico;
- hipertensão;
- ganho de peso excessivo durante a gravidez;
- sobrepeso ou obesidade;
- histórico de diabetes ou diabetes gestacional; e
- gestação múltipla.
Cada período da gravidez possui uma certa quantidade de nutrientes indicados. Por isso, o controle da diabetes gestacional deve ser feito com orientação nutricional guiada pelo médico.
As gestantes que não conseguem o equilíbrio adequado através da dieta e atividade física têm a possibilidade de tratamento com o uso da insulina, que não possui contraindicações para grávidas.
Os riscos da diabetes gestacional
Mulheres diagnosticadas com diabetes gestacional podem passar pela gravidez sem grandes transtornos, desde que seus níveis glicêmicos sejam regulados constantemente. Caso contrário, se a diabetes estiver fora de controle pode apresentar riscos tanto para a mãe, quanto para o bebê.
Estando exposto a grandes quantidades de glicose no ambiente intra uterino, há riscos de crescimento excessivo do bebê, e o indivíduo se torna mais propenso a se tornar obeso e/ou diabético na vida adulta.
Entre as complicações que podem ocorrer nas gestantes destaca-se a probabilidade de parto prematuro, cesárea ou laceração do períneo no parto normal devido ao tamanho do bebê, aumento do risco de pré-eclâmpsia, que é a elevação súbita da pressão, e até uma maior chance de aborto.
Mas vale destacar que todos estes problemas podem ser evitados com um acompanhamento redobrado no pré-natal.
Quais os sintomas e diagnóstico?
A diabetes tipo 2 é pouco sintomática, motivo pelo qual metade dos seus portadores desconhecem de sua condição. Já o tipo 1, os sintomas se manifestam rapidamente e são facilmente notados. Independente do tipo, os principais sintomas da diabetes são:
- urinar excessivamente, inclusive tendo que se levantar durante a noite a noite para ir ao banheiro;
- sede em excesso;
- aumento do apetite;
- alteração no peso;
- visão embaçada;
- infecções frequentes;
- dificuldade de cicatrização; e
- câimbras, formigamento e perda de sensibilidade (principalmente nas mãos e nos pés).
Caso o paciente apresente uma combinação de sintomas e níveis de glicose acima do normal, o médico pode solicitar o teste de glicose oral, ou curva glicêmica.
O exame consiste na colheita de amostras de sangue de 30 em 30 minutos, e nos intervalos o paciente deve ingerir xarope de glicose. Dessa forma o médico terá um resultado preciso e será capaz de determinar o diagnóstico.
Tratamento convencional: veja as opções
Infelizmente, não há cura para as diabetes tipo 1 e 2. Diante disso, o tratamento tem como objetivo melhorar a qualidade de vida do paciente, aliviando os sintomas, e evitar o desenvolvimento de complicações de saúde mais graves.
Por isso, o acompanhamento da diabetes deve ser multidisciplinar, envolvendo médico especialista, endocrinologista, nutricionista e cardiologista. Veja as principais opções de tratamento:
Controle da taxa de glicose
A questão mais importante no tratamento da diabetes é o controle da taxa de glicose no sangue para evitar os níveis elevados, conhecido como hiperglicemia. Isso pode ser feito por meio de um monitor de glicemia (glicosímetro).
As medições devem ser feitas de acordo com as orientações do médico de horário e frequência. Os valores de referência para acompanhamento da taxa de glicose no sangue são:
- Normal: inferior a 99 mg/dL;
- Pré-diabetes: entre 100 a 125 mg/dL;
- Diabetes: acima de 126 mg/dL.
- Hipoglicemia: igual ou inferior a 70 mg/dL.
Existem diversos aplicativos gratuitos que permitem ao paciente registrar os resultados para facilitar o acompanhamento durante as consultas.
Terapia de insulina

Para manter o controle da taxa de glicose, grande parte dos pacientes diabéticos são indicados a fazer a aplicação da insulina. Diante a sua ação estimulante, a insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar no sangue seja utilizado como fonte de energia.
É recomendado que seja aplicada diretamente no tecido subcutâneo, que é a camada de células de gordura do corpo. Os melhores locais para aplicação são: barriga, coxa, braço, região da cintura e glúteo.
Para isso, existem diversas formas de aplicação, como a ampola e seringa, canetas de insulina e bomba de infusão de insulina.
Quando o médico recomenda a insulinoterapia, é importante que os pacientes sejam orientados sobre os cuidados na sua aplicação e ao tipo de insulina a ser utilizada.
Medicamentos sintéticos
O uso de medicamentos também pode ser indicado pelo médico, principalmente para os pacientes portadores do tipo 1 ou do tipo 2 em estágio avançado.
Os secretagogos de insulina têm a função de promover o aumento na produção do hormônio pelas células beta no pâncreas. Os efeitos colaterais mais comuns incluem hipoglicemia e ganho de peso.
Há também os medicamentos sensibilizadores, que funcionam de forma a diminuir a resistência do organismo à insulina e melhorar a sua ação no metabolismo.
Dentre os efeitos colaterais, o paciente pode sentir náusea, diarreia, dor de estômago, fraqueza, dificuldade para respirar ou gosto metálico na boca, ganho de peso, anemia e inchaço nas pernas e tornozelos.
Outra classe de medicamentos utilizados no tratamento da diabetes é está ligado ao retardo da absorção de açúcar no intestino. Geralmente, são indicados para os pacientes obesos que precisam perder peso, mas há o risco tanto de hiper quanto de hipoglicemia.
Terapias complementares
Além do uso da insulina e de medicamentos, o diabético precisa ter uma série de cuidados para controlar a glicose e os sintomas da doença.
As mudanças nos hábitos alimentares são fundamentais para se manter esse controle. Algumas dietas mais conhecidas, como a cetogênica ou a da proteína, podem ser agregadas ao dia a dia do paciente com diabetes, desde que com acompanhamento do nutricionista.
Também é preciso criar uma rotina de atividades físicas, já que os exercícios ajudam a reduzir as taxas de glicose, consumindo o açúcar no sangue de forma mais rápida. Como a diabetes tipo 2 geralmente está aliada a problemas cardiovasculares, é mais um motivo para colocar o corpo em movimento.
Nível de glicose baixa é perigoso
A glicose baixa ou hipoglicemia acontece quando há uma queda excessiva nos níveis de glicose no organismo. Devido a alguns maus hábitos alimentares e comportamentais, o nível de açúcar no sangue pode sofrer uma redução dos níveis de glicose para faixas igual ou inferior a 70 mg/dL.
Normalmente, os sintomas aparecem rapidamente e são fáceis de serem identificados. Sensação de fome, sono, alterações de humor, tontura, fadiga, pele fria e úmida, visão turva e confusão mental, são alguns dos sinais iniciais que o corpo acusa quando a glicose está baixa.
Essa baixa da glicose, inclusive, é capaz de provocar quedas, acidentes de trabalho ou até mesmo automobilísticos. Se não for tratada, os sintomas podem se agravar causando desmaios, convulsões, coma e até a morte.
Em pacientes diabéticos, há uma perda progressiva da sensibilidade a baixa de glicose, o que torna a hipoglicemia ainda mais perigosa. Ou seja, a pessoa não apresenta sinais que indiquem que o açúcar do sangue está baixo, deixando-a exposta ao risco de complicações.
É imprescindível, portanto, que o controle de glicose e a realização de testes de glicemia sejam realizados regularmente para maior segurança e controle para tratamento.
Quais os melhores alimentos para diabéticos?

A diabetes é uma doença que, na maioria dos casos, está diretamente relacionada aos hábitos alimentares. Afinal, a ingestão excessiva de gordura e açúcar podem ser o motivo desencadeador para o aumento nos níveis de glicose no sangue.
Por isso, pacientes com diabetes devem apostar em uma dieta equilibrada e variada, rica em fibras e proteínas magras, sem grandes quantidades de carboidratos. Confira a lista dos melhores alimentos para diabéticos:
- Grãos integrais: farinha de trigo integral, o arroz e o macarrão integrais, flocos de aveia e quinoa;
- Leguminosas: feijão, soja, grão-de-bico, lentilha e ervilha;
- Legumes: alface, tomate, rúcula, acelga, abóbora, vagem, cebola, sempre preferindo os frescos;
- Carnes magras: peixes, frango, carne bovina magra (músculo e patinho);
- Frutas: laranja, mamão, pêra, abacaxi, pêssego e tangerina;
- Gorduras boas: de frutas como abacate e coco, e óleos vegetais como azeite extra virgem, óleo de abacate e manteiga;
- Leite e derivados: de preferência as versões desnatadas e sem adição de açúcar; e
- Castanhas, amendoim, avelãs, nozes e amêndoas.
É possível usar produtos à base de Cannabis medicinal para diabetes?
A cannabis medicinal é capaz de regular diversas funções metabólicas do organismo por meio do sistema endocanabinóide. Como a diabetes está diretamente ligada ao metabolismo, o uso dos produtos à base de cannabis pode ajudar pacientes no tratamento dessa doença.
Para os pacientes com diabetes tipo 1, não é possível suspender a insulina. No entanto, o uso da cannabis medicinal em conjunto com a insulinoterapia pode melhorar a ação do hormônio.
Além disso, o canabidiol (CBD) protege o fígado contra a doença hepática gordurosa, uma consequência a longo prazo da diabetes por conta do açúcar em excesso que é transformado em gordura e acaba sobrecarregando o órgão.
Um estudo realizado com cerca de 4700 diabéticos e pré-diabéticos mediu a relação entre o uso da cannabis e a sensibilidade à insulina.
A pesquisa descobriu que os indivíduos que faziam uso da cannabis tiveram uma diminuição de 17% na resistência ao hormônio. Esse resultado mostra a capacidade da planta de melhorar o funcionamento da insulina no organismo.
Na diabetes tipo 2, a obesidade é um dos principais fatores de risco. Diante disso, o CBD é capaz de regular a sensação de saciedade, por meio dos receptores CB1 no cérebro, sendo uma alternativa para o controle de peso.
Outro efeito benéfico nessa questão, está ligado ao auxílio na redução da vontade por alimentos doces, que juntamente com os carboidratos, são os mais prejudiciais para os diabéticos.
Consulte seu médico sobre o uso do CBD
Você entendeu o que é diabetes, controle e tratamento ao longo do texto. Inclusive, sobre como o CBD pode ser um aliado no enfrentamento da doença.
A cannabis medicinal é uma alternativa que deve ser usada em uma abordagem multidisciplinar para que o diabético tenha melhor proveito.
Então, caso você tenha interesse na terapia canabinoide, consulte e converse com o seu médico. Ele será responsável por encontrar a dose ideal e te orientar em todas as etapas necessárias para aquisição do produto.
Vale ressaltar que para iniciar o tratamento com uso do CBD é necessário a prescrição e acompanhamento do médico, assim como a autorização da Anvisa de importação.
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Referências
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